Quando a coadjuvante torna-se a estrela maior
Por Bruno Airaghi.
Como podemos comentar sobre um vinho sem mencionar o país vizinho: Chile. Este que recebeu influência e investimentos de vários produtores franceses no desenvolvimento de suas vinícolas em especial de Bordeaux.
Muitos de seus tintos renomados resultam de associações entre vinãs chilenas e grandes produtores mundiais. A maior parte da produção vai para os Estados Unidos, e o Brasil também é grande mercado consumidor.
Agora imagine uma região bem acolhedora, arborizada e florida, com arquitetura particular e produtora dos melhores vinhos chilenos. Assim é o Vale de Colchagua. A apenas 160 km ao sul de Santiago é uma área ímpar e com excelente infraestrutura turística.
A uva Petit Verdot é mais uma das castas que compõem o corte bordalês. Sua origem, embora incerta, é atribuída à região de Bordeaux na França, mas há indícios de que foi trazida pelos romanos do Mediterrâneo. Normalmente, é utilizada em pequenas doses nos cortes com a uva Cabernet Sauvignon para dar cor e corpo aos tintos.
Dentre todas as uvas cultivadas em Bordeaux, a Petit Verdot é uma das que mais demora para chegar à fase de maturação, contribuindo com a elaboração de vinhos tintos densos e bastante escuros.
O nome Petit Verdot foi atribuído à casta por conta do pequeno tamanho de seu cacho e por existir em seus bagos frutos de cor escura e outros com tom esverdeado, graças a uma característica bastante predominante da cepa, o amadurecimento tardio. A uva bordalesa é uma das que mais trazem benefícios à saúde, contribuindo para o retardamento do envelhecimento e reduzindo os danos causados pelos radicais livres.
No Chile ela vem ganhando destaque pela boa adaptação ao clima seco e frio. Trata-se de uma uva casca grossa (literalmente), com taninos potentes, maturação tardia, floração delicada. Cheia de não-me-toques, a Petit Verdot exige conhecimento para maturar e gerar vinhos de qualidade.
Dito isso, podemos focar no vinho da nossa carta que é um corte de Cab. Sauvignon (cepa talentosa, que já conhecemos) com Petit Verdot, a estrela descrita acima. Seu rótulo é Único de Chile-Gran Reseva (nome do vinho) da Vinã Requingua uma das maiores produtoras do Chile.
De cor granada-profunda, com notas de frutas pretas, chocolate com menta e suave baunilha. Sedoso na boca, com um caráter picante, suculento… que deixa um final agradável. Pede-se um serviço a 18 ºC para melhor entendê-lo. Um Steak à Diana é um convite irrecusável para esse vinho!
É uma dica, espero não ser o único a compartilhar esse prazer.
Salute!