Bonarda, vale ser reconhecida!
Por Bruno Airaghi.
O vinho está ligado, desde a fundação do cristianismo, aos ritos e à história da Igreja Católica. Aos jesuítas também cabe importante contribuição na trajetória da viticultura da América do Sul, tanto no Brasil como na Argentina
Para alguns produtores, a Bonarda, uva que vou comentar, plantada na Argentina é a mesma do Norte da Itália, prima das uvas da Lombardia e da Emilia-Romagna. Outros acham que ela é aparentada da Corbeau ou Douce Noire de Savoia, na França. Essa região está separada da Itália pelos Alpes e, portanto, a Bonarda deve ser também prima da Dolcetto ou da Barbera.
Sabe-se que a Bonarda chegou ao país vizinho, com os primeiros imigrantes europeus, no final do século XIX. Lentamente, adaptou- -se às condições locais, por meio de uma seleção natural de clones no campo, ajudada pelo fato de não ser particularmente sensível a nenhuma enfermidade.
Em termos de importância, depois da Malbec, vem a Bonarda, com 18 mil hectares, dos quais 9 mil são plantados nas planícies quentes do leste de Mendoza, nos arredores de San Martin “capital da Bonarda”, Junin, Rivadavia e Santa Rosa, longe dos ventos frios da Cordilheira dos Andes.
Trata-se de uma uva, como afirmam alguns enólogos, de grande “plasticidade”, ou seja, se desenvolve bem, como vimos, em várias regiões da Argentina.
Principais uvas tintas produzidas na Argentina
Malbec 34% – 31.047 hectares cultivados
Bonarda 18% – 18.127 hectares cultivados
Cabernet Sauvignon 17% – 16.371 hectares cultivados
(Fonte: Wines of Argentina.)
Para acompanhar a degustação e apreciação das características e qualidades específicas que a casta Bonarda adiciona aos vinhos, os tintos devem ser harmonizados com refeições moderadamente condimentadas ou levemente apimentadas, exaltando seu sabor e peculiaridades.
Essa uva antigamente era utilizada somente em cortes para propiciar maior equilíbrio na acidez dos tintos. Hoje, já é possível achar varietais da casta ou bivarietais, sendo muito empregada na elaboração de vinhos com a casta Malbec e a uva Syrah.
A Bonarda tem cor escura, bom corpo e fruta presente e, nos exemplares mais simples, deve ser consumida jovem. Nesse ponto, o vinho que se apresenta é o Punto Maximo, um Gran Reserva obtido dos melhores terroirs da Argentina em parceria com a vinícola produtora Aitor Ider Balbo.
Passa por 12 meses de barril de carvalho francês, seguido de seis meses em garrafa, e traz características singulares de expressão máxima dos vinhos argentinos.
Tem graduação alcoólica de 13,5%, visual de vermelho-rubi intenso e brilhante, com tons violetas passando à púrpura. De bom paladar, agradável e doce, possuindo boa intensidade e taninos suaves, sugere-se a temperatura de 16 a 18 ºC para o serviço.
Pode surpreender!
Salute!