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Palavra do Presidente

Decisões necessárias

Clube Paulistano - Palavra Presidente

No último mês, esta Diretoria que tenho a honra de presidir completou seu primeiro ano na condução do Paulistano. Não houve, entretanto, quem pudesse refletir sobre os 12 meses que passaram.

Poucos dias antes do aniversário, tivemos de tomar uma das decisões mais difíceis em 120 anos de história, decretando o fechamento do Clube aos associados por tempo indeterminado.

A medida, anunciada como forma de combater a pandemia da covid-19, tem um único exemplo similar, ocorrido em 1918, época em que o CAP se tornou hospital enquanto São Paulo padecia com a gripe espanhola.

A resolução foi determinada com o mais rígido critério, após ponderações sobre suas consequências. Quando ouvimos os especialistas do Comitê de Saúde, criado em caráter emergencial justamente para tratar a crise, tornou-se evidente o caminho a ser seguido por nós, responsáveis pelo bem-estar de milhares de sócios e funcionários.

O caminho, por sinal, logo se provou correto, pois antecipou políticas restritivas adotadas pelos governantes de São Paulo.

A pandemia da covid-19 está entre os maiores desafios enfrentados pela humanidade em décadas. Além de demandar complexas estratégias dos serviços de saúde, possivelmente resultará em crise econômica sem precedentes.

O Paulistano, como instituição, não está imune, assim como seus associados e colaboradores, inseridos em contexto de incertezas. Solidária, a Diretoria persiste na busca por maneiras de amenizar as responsabilidades financeiras dos sócios. Cada evolução do cenário é avaliada, dando origem a novas deliberações.

Não podemos cair na armadilha do discurso simplista ao encararmos um problema jamais imaginado. Não há respostas óbvias, e decisões precipitadas podem lesar todas as partes envolvidas.

Em conjunto com vice-presidentes e diretores das áreas financeiras e de planejamento, venho analisando profundamente as contas do Clube, com o objetivo de ajustar o orçamento de 2020 à nova realidade.

Examinamos nossos compromissos, verificando que gastos podem ser postergados ou cortados e que remanejamentos são possíveis. Em paralelo, todas as áreas do CAP processam que despesas e investimentos serão adiados, enquanto se reorganizam.

No último estudo antes do fechamento desta edição, concluiu-se que cada mês sem frequência de sócios poderia resultar em déficit superior a R$ 1 milhão aos cofres do Paulistano, dependendo do crescimento da taxa de inadimplência, impulsionada por crise financeira.

Na situação atual, há diminuição de gastos, mas a queda de receitas é ainda mais acentuada. Sem quantias normalmente arrecadadas, como mensalidades de cursos e faturamento de bares e restaurantes, o Clube conta apenas com as contribuições sociais, destinadas, quase na totalidade, aos gastos com pessoal.

Sobre essa despesa, a maior do CAP, acordo celebrado entre sindicatos patronal e dos empregados em 31 de março instituiu reduções de jornada e salário para todos os funcionários, com raras exceções, em 25%, a partir de 1º de abril.

Neste quadro de déficit mensal, com a impossibilidade de antecipar a duração da pandemia, a extensão das medidas governamentais e o crescimento da inadimplência nos pagamentos ao Clube, determinou-se que, por hora, as contribuições sociais serão cobradas integralmente.

O Paulistano está fechado, mas não parado. Todos os departamentos montaram complexo planejamento, voltado a criar estrutura que mantivesse o Clube com o mínimo de funcionários. Colaboradores foram incentivados a sair de férias, outros passaram a trabalhar em seus lares.

Uma terceira parte, cujas funções não podem ser desempenhadas remotamente, permanecem em casa, com registros em bancos de horas. Manutenções e serviços de higienização, necessários e obrigatórios, continuam em andamento, assim como obras já contratadas, cujas paralisações onerariam ainda mais as reservas financeiras do CAP. Em todo esse processo, funcionários a partir de 60 anos tiveram os cuidados priorizados.

Muitos dos pontos citados em minha mensagem estão detalhados na edição especial da Revista O Paulistano Abril/2020, que, por questões de logística e prazo, será disponibilizada primeiramente em versão digital, no site, com impressão nos primeiros dias de abril.

Vale ressaltar a importância da página oficial e das mídias sociais do Paulistano durante uma crise de constantes atualizações. Foram e continuarão sendo canais fundamentais para a comunicação entre a Diretoria e os associados.

Por fim, uma missão para todos. Mesmo em momento tão crítico, devemos também pensar além de nossos muros. Em postura semelhante à adotada há um século, o Paulistano voltou a oferecer suas instalações ao poder público, especificamente o Ginásio Antônio Prado Júnior. Veja um dos ofícios na íntegra.

Nós, da Diretoria, seguimos empenhados pelo melhor gerenciamento do CAP, sem jamais nos esquecermos dos associados. Contamos com a compreensão de todos.

Paulo Cesar Mario Movizzo
Presidente

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