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Abrindo um vinho

A Lenda Que Virou Vinho

Clube Paulistano - Logo 120 anos
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Por Bruno Airaghi

Nero di Troia. Você pode pensar que essa uva vem da mesma cidade da história do cavalo, o de Troia. A antiga cidade grega que levava esse nome, onde ocorreu a Guerra de Troia descrita na Ilíada, fica na Turquia, contudo é uma uva considerada nativa da Itália.

Na realidade, existe uma lenda que liga, sim, o nome da uva à cidade mítica, afirmando que a cepa teria chegado à Itália levada por Diomedes, herói exilado após a guerra. Como boa lenda, talvez tenha um fundo de verdade. Mas a Troia da uva, nesse caso, é uma comuna italiana com pouco mais de 7 mil habitantes, localizada na região da Puglia.

A Puglia (Apúlia), uma região do Sul que forma o “calcanhar da bota”, é conhecida pelas cidades serranas com casas caiadas, pelos campos agrícolas centenários e pelas centenas de quilômetros de costa mediterrânea. A uva Nero di Troia pode ser encontrada, também, sob outros nomes: Uva di Troia, Sumarello ou Sommarello.

É bastante resistente a ampla variedade de pragas comuns nos vinhedos e muito adaptada ao clima quente e seco da Puglia. Mesmo assim, cada vez menos cultivada. Muitos produtores, nos últimos anos, têm substituído seus vinhedos, plantando Negroamaro e Primitivo, consideradas mais rentáveis comercialmente.

O fato é que, Nero di Troia, Negroamaro e Primitivo são as maiores representantes da diversidade do setor vitivinícola da região. E a Nero, dentre as três, é a que mais demora a amadurecer. Os aromas mais frequentemente relatados, na degustação de vinhos produzidos com a Nero di Troia, são violetas, cereja preta madura, amora, couro, tabaco, cacau, cassis e anis.

O vinho costuma ser profundo, complexo, fascinante, de cor viva, e bastante rico em polifenóis, principalmente taninos. A adstringência típica dos taninos é, muitas vezes, atenuada pelo corte com outras uvas, como Montepulciano. Inclusive, é comum encontrar, em vinhas velhas, fileiras intercaladas de Montepulciano com Nero di Troia, na proporção de 1 para 3. Mas existe, atualmente, uma tendência de vinificar a Nero di Troia em vinhos varietais, em geral notáveis! E como os enólogos lidam com tantos taninos, em vinhos varietais? Com temperaturas moderadas, com macerações mais curtas.

Uma boa ideia de harmonização, para experimentar um tinto Nero di Troia, é acompanhando carnes vermelhas grelhadas ou assadas.

Essa cepa foi escolhida para ser o vinho comemorativo dos 120 anos do CAP, assim, num primeiro momento, está destinada aos eventos, que não serão poucos, do calendário do nosso centenário Clube. Portanto, é uma novidade que merece ser degustada e a cada gole brindar a festa.

Salute!

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