Noruegueses no Chile?
Por Bruno Airaghi.
Odfjell Vineyards, os primeiros vinhedos localizam-se em Padre Hurtado, no Vale do Maipo, onde recebem os benefícios de um microclima gerado pela Cordilheira dos Andes e pelo Oceano Pacífico.
As brisas frescas da tarde propiciam o lento amadurecimento dos frutos. A oscilação diária de temperatura (diferença entre altas e baixas em um único dia) pode chegar a 30 ºC, no final de março, e a oscilação média é de 20 ºC.
São vinhos que expressam o terroir das vinhas, observando os princípios da agricultura biológica e biodinâmica, em que se utilizam apenas produtos de origem natural e respeitando a conservação do ecossistema. Em safras recentes, usam apenas leveduras nativas, assim os vinhos são verdadeiramente únicos em sua origem.
A agricultura biodinâmica fundamenta-se nas teorias e ensinamentos do filósofo austríaco Rudolf Steiner, que em 1920 propôs a utilização dos recursos naturais em perfeita harmonia entre o mundo animal, vegetal e mineral, inseridos no cosmos.
Seu trabalho, uma reação ao impacto negativo da agricultura industrializada, baseou-se na sabedoria de antigas técnicas agrícolas. A vinícola foi a primeira na América do Sul a utilizar um sistema de fluxo por gravidade, para garantir o manuseio ideal da fruta e o processo de vinificação.
O vinho tem a regência de uma enóloga jovem, simples e bonita chamada Francisca Palacios, mas detentora de uma boa escola com passagens por outras vinícolas não menos importantes no cenário chileno: Morandé e De Martino.
O resultado somado só podia nos dar um bom exemplar de tinto: o Ancla Reserva Blend, mescla bem dosada de Cabernet Sauvignon e Syrah (50%/50%). O vinho irradia fruta e frescor, sendo elegante e complexo, o que o leva a ser uma bebida única e representativa do seu terroir.
A colheita foi no final de março de 2018 e seu amadurecimento aconteceu 100% em tanque de inox, com engarrafamento em agosto de 2019. Um vinho sério que requer o acompanhamento de pratos encorpados e temperados, vale cruzar com receitas da culinária árabe/libanesa, fica a dica.
Apresenta coloração grená com reflexos de ótima acidez e suaves taninos na boca, terminando com um final longo. Puro prazer! Como resumo, fica clara a tendência dos vinhos (orgânicos, biodinâmicos) feitos de acordo com parâmetros da natureza com mínima intervenção humana, preservando a essência do néctar.
E o planeta agradece… nós também!
Salute!